Publicado em 23/06/2025 por Daniele Bernardo
Os mitos e contos nos trazem através de seus símbolos, aplicações e reflexões importantes para situações e temas que lidamos em nosso cotidiano.
Todos os símbolos astrológicos tem uma história por trás que constrói o conjunto de significados atribuídos a eles. A história de hoje é sobre a representação símbólica do Amor que busca uma alma e de uma alma que busca o amor, através do mito de Eros e Psiqué, revelando a dinânica do relacionamento afetivo, um tema de Vênus e também presente no signo de Libra.
A HISTÓRIA
Certo dia, chegou aos ouvidos de Vênus a informação de que existia uma mulher mais bela do que ela. Irritada com a ideia de haver alguém mais bela, e ainda por cima mortal, Vênus ordena a seu filho Eros que garanta que Psiqué se case com o monstro mais horrendo que habita o rio Estige.
Eros, filho de Vênus com Marte, é o deus do amor e da paixão. É conhecido por ter asas e usar um arco e flechas encantadas, que faziam com que os alvos se apaixonassem perdidamente. A ordem de Vênus era que Eros flechasse Psiqué, para que a consumação do casamento ocorresse. No entanto, ao chegar ao local onde Psiqué está vendada e amarrada a uma rocha, Eros acidentalmente se fere com uma de suas próprias flechas. No instante que olha para Psiqué, ele se apaixona perdidamente.
Motivado pela força do amor, a desamarra e a leva para seu castelo. Seu único pedido à amada é que ela nunca retire a venda dos olhos enquanto estiverem juntos, para que não descubra que ele é o deus do amor.
Certo dia, Psiqué recebe a visita de suas irmãs, que a convencem de que essa história de usar venda é absurda. Dizem que seu marido poderia ser o monstro, e que ela nem teria consciência disso. Influenciada pelas irmãs e tomada pela dúvida, Psiqué decide espiar. Espera o momento em que Eros adormece ao seu lado, retira a venda e acende um candelabro para ver o rosto do amado. Ao reconhecer Eros, se apaixona ainda mais, mas sem querer o fere com a chama da vela. Ele desperta e, decepcionado, sai voando pela janela, deixando-a sozinha no castelo.
Desesperada, Psiqué suplica a Vênus que traga seu amor de volta. A deusa atende seu pedido, mas impõe quatro tarefas difíceis e perigosas como condição para o reencontro:
Separar uma enorme pilha de grãos misturados.
Buscar a lã dourada de carneiros mortais.
Coletar água da nascente situada no alto de um rochedo, guardada por dragões.
Trazer o elixir da beleza guardado no mundo dos mortos por Perséfone.
Psiqué cumpre todas as tarefas com a ajuda de vozes misteriosas e, na última, com a ajuda do próprio Eros. Então, Vênus os une novamente, os dois ascendem ao Olimpo onde Psiqué se torna uma deusa.
Este mito representa o encontro da alma com o amor, e as tarefas simbolizam os estágios de amadurecimento necessários dentro de um relacionamento.
A PAIXÃO ACONTECE
O "acidente" com a flecha do amor é a representação simbólica de como o amor acontece: ele não é premeditado, planejado ou racional. Ele simplesmente ocorre, independente das circunstâncias e das pessoas.
Nem o deus do amor ficou imune a esse sentimento, quem dirá nós rs.
Em um primeiro momento, o amor desperta algo na alma, e essa união nunca mais é esquecida. Seguimos na vida em busca do amor, mesmo depois de términos e decepções.
A exigência de Eros que Psiqué permaneça vendada pode ser interpretada como a fase inicial do relacionamento, quando ainda temos medo de mostrar nossas vulnerabilidades. Usamos máscaras para agradar e tentamos esconder nossas imperfeições, temendo a rejeição.
Quando essas vendas caem, enxergamos o outro de maneira total e de certa forma também revelamos o que escondemos até então. É nesse ponto que a relação se aprofunda, e não é mais possível esconder quem somos de verdade. Esta fase pode ser tão assustadora, que ocorre a fuga de um ou de ambos, e a relação se desfaz.
O LADO RACIONAL DO RELACIONAMENTO
As presença das irmãs na história, possuem dois significados simbólicos:
A primeira, sendo a segunda fase do relacionamento, quando a paixão começa a dar espaço para a rotina e para o olhar mais racional. Os incômodos aparecem, e passamos a perceber detalhes que estavam ofuscados pelo encanto inicial. Essas vozes incômodas fazem parte de todos os relacionamentos e surgem conforme as fases que o casal atravessa.
A segunda representação seriam as vozes externas, que podem vir em forma de conselhos, julgamentos, discordância e ideologias. São as interferências, que podem tanto ajudar quanto atrapalhar.
O mais confiável, nesse cenário, é ouvirmos nossa intuição e usarmos a razão como mediadora. A razão, nesse caso, é o espaço da reflexão: ela nos ajuda a entender se os incômodos são alertas para evolução da relação ou se estão apontando para algo que está nos causando mal.
O ABANDONO E REJEIÇÃO
A fuga de Eros e o desespero de Psiqué nos mostram dois sentimentos difíceis que enfrentamos quando nos relacionamos: a dor do abandono e da rejeição. Quem fica, precisa lidar com a perda e também com a dor que ela causa. Na história, Psiqué decide lutar por seu amor, mesmo após a dor.
Essa parte mostra que, embora complicado, não devemos desistir do amor por causa de uma experiência ruim. É importante lidar com o sofrimento, ter um tempo a sós para processar, curar e reencontrar o amor novamente.
As tarefas de Psiqué representam não apenas os estágios de amadurecimento dentro de uma relação, mas também o encontro com nossas partes mais profundas (medos, feridas, inseguranças) e o fortalecimento do amor-próprio.
Vamos aprofundar nas quatro tarefas no próximo texto. Por aqui, já temos bastante material para refletir.
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Até a parte 2...